Adoração,  Artigos,  Liderança,  Ministério de louvor

Por que os músicos do ministério de louvor não praticam? (A razão real)

Por Jon Nicol* – tradução com adaptações de Ramon Chrystian 

As desculpas

Quais são as razões e o por quê a equipe não pratica? Comumente escutamos a seguinte desculpa:
“Tenho estado muito ocupado”. Bem, esta é a mais comum. Mas quais são as outras?

Eu não preciso…
Esta pessoa sente que ela é boa o bastante para precisar ensaiar e praticar. Ela pode estar acertando notas que se encaixam na tonalidade, mas eu e você sabemos que esta pessoa não está realmente tocando o que deveria estar tocando.

Eu não sei..
Esta desculpa geralmente vem de quem não sabe quais as músicas estão planejadas para o domingo ou não encontrou/possui as partituras e cifras das músicas.

Eu não me importo…
Este caso raramente é verbalizado. Mas é demonstrado por ações em que a pessoa se mostra despreparada e nem se importa de oferecer alguma desculpa.

Então, com estas desculpas, é fácil perceber descomprometimento, arrogância, ignorância desleixada na equipe, certo? Você pode estar pensando, Wow, não fui assim tão longe. Talvez você não, mas eu sim.

Eu costumava assumir que minha equipe simplesmente não se importava e não era comprometida. Mas eu aprendi que a grande razão que eles não praticavam era eu e minha liderança

Uma lição crítica de liderança

Uma das lições mais críticas de liderança que já aprendi é esta: Todo problema com pessoas pode ser rastreado para um problema no sistema. (Obrigado, Andy Stanley)

O que isso significa? Aqui vai um exemplo:

Se eu tiver um guitarrista metaleiro que toca um metal shred em TODA música na adoração, ele não é o verdadeiro problema.

Parte do problema é o processo de qualificação que o permitiu estar na equipe e o sistema de desenvolvimento do músico, que o ajudaria a entender seus papéis e responsabilidades. Isto claramente não está funcionando bem. Meu sistema de dar feedback ou realizar avaliações formais com a equipe também não está ajudando a situação.

Você percebe a diferença? É libertador. Quando eu tenho dificuldades com pessoas eu estou preso como um líder. Eu tenho pouco ou nenhum controle sobre a situação (além de remover as pessoas da equipe ou suportar seu comportamento).

Mas se eu mudar a visão de problema com pessoas para um problema do sistema,  eu viro o interruptor de alguém “amarrado” e sem muito o que fazer. E então eu posso fazer algo sobre isso. Então, de volta para a questão de não praticarem: É fácil ver os problemas nas pessoas: ocupado, não comprometido, arrogante, ignorante, etc. Mas quais são as falhas do sistema que estão permitindo este comportamento? Aqui estão algumas dicas:

6 Coisas que podem promover ótimos hábitos de ensaio e estudo

  1. Processo de qualificação de novos integrantes
    Seu sistema de qualificação para novos membros da equipe comunica de antemão que há uma expectativa de prática? Seu sistema requer que os músicos se preparem para uma audição?
  1. Expectativas e responsabilidades claras
    Você tem um manual de equipe, um termo de compromisso ou algum outro documento que defina claramente expectativas de preparação? Se nossos padrões não são claros, não podemos cobrar esses padrões das pessoas.
  1. Ensaios
    Você realiza os ensaios de uma maneira que encoraja as pessoas a praticarem antes de ir ao ensaio, e, desencoraja as pessoas de se mostrarem despreparadas? Uma maneira de usar o ensaio para promover o estudo pessoal é movimentar em um ritmo que exija que as pessoas tenham aprendido a canção antes que eles chegassem. Se alguém percebe que alguém não está tão preparado como o resto da equipe, isso é uma coisa boa. Um pouco de pressão social saudável não é ruim. Porque, como uma equipe, somos todos afetados pelos comportamentos e atitudes uns dos outros. Agora, haverá momentos em que o ritmo ideal de ensaio precisa dar lugar ao estado atual da equipe. Essas pequenas pressões são boas e justifica-se pedagogicamente.
  1. Planejamento e distribuição das músicas
    Seu sistema de planejamento e distribuição das músicas é crucial para a prática pessoal de cada membro da
    equipe. Se seu ensaio for quinta e eles não tiverem a música pelo menos na terça, eles não terão tempo de se preparar. (Particularmente acredito que o ideal é pelo menos uma semana de antecedência**)
  1. Rotação das músicas
    Você cria o setlist de domingo a partir de uma lista grande de músicas? Se todo setlist tiver muitas canções que a equipe não toca há seis meses ou um ano, eles terão de reaprender ao invés de rever e relembrar. E mais: se você rotacionar poucas canções a igreja irá aprender e cantar melhor também.
  1. Treinamento
    O último ponto que quero tocar é o treinamento. Um dos erros que já cometi como líder era acreditar que os músicos sabiam como praticar ou até mesmo como isto era importante. Então precisamos ter uma forma de conscientizar nossos músicos da importância crucial da preparação para liderar a adoração e como fazer para deixar as músicas preparadas para o domingo.

Finalizando

O importante disso tudo é que precisamos desenvolver o melhor de nossos membros de equipe. Mesmo quando eles ajem como desleixados. Na próxima vez em que alguém se mostra despreparado dê um passo atrás e pergunte: Que problema no sistema há que está permitindo/encorajando este comportamento?

*Jon Nicol é pastor de adoração em Lexington, Ohio e fundador do site WorshipTeamCoach.com

**Nota – Ramon Chrystian

Ramon Chrystian

Ramon Chrystian é ministro de música e adoração, formado em música sacra pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil (STBSB/RJ - FABAT), estudou guitarra elétrica na Faculdade Santa Cecília -SP, Conservatório Brasileiro de Música - RJ e Starling Academy of Music. Consagrado ao Ministério de Música na Igreja Batista Itacuruçá - Tijuca -RJ, atualmente é ministro de música na Terceira Igreja Batista de Cabo Frio/RJ. Autor do livro: Ministério de Música: Tensões na Liderança e a Renovação Pessoal. Ministra palestras em diversos congressos no Brasil tratando de temas como a elaboração de arranjos, guitarra elétrica e louvor e adoração. Como escritor colaborou com as revistas Louvor, Diálogo & Ação, o Embaixador. Colunista do jornal Tijuca em Foco, site Prazer da Palavra (Israel Belo de Azevedo) e Guitar Battle. Mantém o Blog www.letrasonora.com.br onde escreve periodicamente sobre música e adoração.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *