4 tipos de ministérios de louvor

Artigo de Jamie Brown ( Director of Worship and Arts at Truro Anglican Church in Fairfax, Virginia.) – Traduzido e adaptado por Ramon Chrystian

Em minha experiência com ministérios de louvor (tanto como membro quanto como líder), e em minhas observações em liderar a adoração nestes dias, me parece existir 4 tipos diferentes de equipes/ministérios de louvor. Por 4 caminhos você pode ir. 4 formas de estruturar, ver e liderar uma equipe.

1- O primeiro tipo de ministério de louvor é o de apenas preencher as lacunas.

Você necessita de um guitarrista? Tom é seu guitarrista. Você precisa de outro guitarrista? Oh, agora você tem Frank como o outro guitarrista. E neste mês você precisa encontrar um outro vocalista para preencher uma lacuna. Vamos perguntar a Sally para preencher esta lacuna.  E sobre o baterista para a terceira semana do mês? Aquela lacuna será a do Brian. Ele será o baterista.

Neste tipo de ministério de louvor, os membros são apenas nomes no Planning Center (software de gestão ministerial), suas contribuições são preencher lacunas musicais. Se Tom decide deixar a igreja, ninguém na equipe realmente sabe o porquê ou se importa, porque você simplesmente o substitui por Andy. Ou se o baterista Brian quebra um braço e não pode tocar bateria, a equipe não está preocupada com Brian, mas está mais preocupada em conseguir outro baterista para preencher a lacuna de Brian.

Ninguém está crescendo, conectando, sendo encorajado ou cuidado. Cada um é um nome na escala.

2- O segundo tipo de ministério de louvor é uma banda

Você escolhe um nome. Você tem um vocalista líder. Você tem backing vocals. Você  tem membros da banda com”cara de mau”. Você faz tour. Grava, faz performances, toca. Tira fotos. Vocês são “cool” .

Neste modelo de ministério de louvor, os membros são mini-celebridades e o líder de adoração é o chefe-celebridade, que fica geralmente um passo à frente dos outros da banda para as fotos.

Quando um novato ou músico menos habilidoso entra para sua igreja, eles só têm alguma esperança de serem envolvidos na banda se eles, de alguma forma, alcançarem o comportamento e usarem o tipo certo de roupas (da moda) desta banda.

Este modelo de ministério de louvor dificulta para o “músico mediano” participar. E é um desafio se manter a longo prazo, com membros saindo ou com uma década se passando e a moda musical passando também.

3- O terceiro tipo de ministério de louvor é o de sistema de escalões

Há o alto escalão: Tocando e cantando nos cultos de domingo. Há o médio escalão: ministério jovem, retiros, jovens adultos e há o baixo escalão: Ministério de crianças, terceira idade ou grupos familiares.

Neste modelo de ministério os membros estão sempre desejando subir ao topo. Mesmo se isto significar empurrar alguém pra baixo para chegar lá.

Quando um músico mais forte chega na igreja, outros músicos são ameaçados e precisam proteger o seu lugar em seu escalão. Membros dos escalões abaixo não acreditam que seus dons importam ou são apreciados. E o líder de adoração constantemente gerencia os egos, lidando com sentimentos feridos evitando dar uma avaliação honesta.

A distribuição das pessoas e seus dons na equipe fica prejudicada, podendo eventualmente quebrar a identidade de alguém só por conta do escalão onde a pessoa deve ser escalada.

4- O quarto modelo de ministério de louvor é o modelo-corpo

E Paulo pinta o quadro em 1 coríntios 12.

Para resumir: Num corpo há variedades de dons e serviços, mas o Senhor é o mesmo. Há diferentes dons dados pelo Espírito, mas todos dados pelo poder do mesmo Espírito. É um corpo com muitos membros. Os diferentes membros (como os pés e as mãos) necessitam uns dos outros. Os membros diferentes (como ouvidos e olhos) pertencem uns aos outros. Deus organiza os membros como ele escolhe. Os “mais fracos” são indispensáveis.

A honra é concedida um ao outro. Não há divisão. Quando um membro sofre, todos sofrem. E quando um membro é honrado, todos se regozijam juntos. Esse é o tipo de equipe de adoração que eu quero construir!

Mas em meus primeiros 15 meses em Truro, eu fiquei preenchendo lacunas. Era o novo líder buscando seu espaço, tentando conhecer as pessoas, ouvindo, me orientando, tapando buracos e tentando superar todos os altos e baixos que um ministério de um ano contém. E foi tudo que poderia fazer. Mas não é um modelo de ministério de longo prazo.

 

Eu não estou interessado (e eu sei que os músicos da minha igreja também não estão) em apenas preencher lacunas. Ou construir uma banda de nome. Ou gerenciar um sistema de escalões com todos os egos, políticas e territórios que acompanham. Isso me parece miserável. Porque isto é!

Ajudar a construir (e construir) um corpo é o caminho a seguir. É um modelo de equipe de adoração que perdurará.

Eu argumentaria que esse é o modelo que durará mais tempo, inclui o maior espectro de idades / níveis de experiência / níveis de habilidade, permite uma rampa mais fácil para membros novos e / ou mais fracos, é mais sustentável pela própria congregação, e quando um líder de adoração sai e entrega o bastão a outra pessoa, existe um tipo de saúde espiritual e organizacional que modelará algo bonito, humilde e centrado em Cristo da plataforma. (A equipe se sustenta e a igreja percebe a humildade e o serviço facilitador proveniente dos membros atuantes na plataforma – nota do trad.)

Deus organiza os membros, o Espírito os habilita e os bons pastores (e líderes de adoração) ajudam estes membros habilidosos pelo Espírito e organizados  por Deus a funcionarem como um corpo saudável da forma que o próprio Deus projetou para a glória de Jesus e a edificação da sua Igreja.

Líderes de adoração: Vamos nos comprometer a fazer o que pudermos para promover uma comunidade de líderes de adoração em nossas igrejas que funciona como um corpo. Não é sempre o caminho mais fácil ou mais glamouroso, mas é o mais frutífero.

 

Na prática:  Um exemplo prático é uma comunidade de instrumentistas e cantores em uma congregação que se reúnem regularmente para comunhão e adoração, que conhecem uns aos outros, que apreciam os dons uns dos outros como coisas maravilhosas (não como ameaças) e que estão ansiosos para servir a congregação de qualquer maneira.

Alguns instrumentistas tocam com mais frequência na frente da igreja. Outros tocam esporadicamente ou apenas para um grupo pequeno. Alguns cantores cantam solos na Páscoa, enquanto outros estão em um coro, enquanto outros lideram o berçário pré-escolar em canções simples.

Alguns membros da equipe se recuperam, de uma semana para a outra, servindo em pequenas configurações quando são necessários, ou servindo na plataforma em frente de centenas de pessoas quando são necessárias.

Não há senso de competição, ou ego, ou celebridade, ou favoritismo. Há uma sensação de “estamos todos juntos nessa”.

Os membros que mal cantam a melodia em sintonia são amados e honrados pelos cantores que podem gravar um single. Bateristas que têm mais de 30 anos de experiência mentoreiam e encorajam o garoto da escola que mal pode segurar as baquetas de maneira correta.

Os novos membros podem entrar mais facilmente nesta comunidade. Um líder de adoração pode alocar pessoas onde elas são necessárias sem ter que gerenciar egos. Leva um tempo para chegar a este ponto. É preciso a oração, bom ensino,  tempo regular juntos e vontade do líder de continuar trabalhando para tornar esta a cultura dominante.

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Ramon Chrystian
Ramon Chrystian é ministro de música e adoração, formado em música sacra pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil (STBSB/RJ - FABAT), estudou guitarra elétrica na Faculdade Santa Cecília -SP, Conservatório Brasileiro de Música - RJ e Starling Academy of Music. Consagrado ao Ministério de Música na Igreja Batista Itacuruçá - Tijuca -RJ, atualmente é ministro de música na Terceira Igreja Batista de Cabo Frio/RJ. Autor do livro: Ministério de Música: Tensões na Liderança e a Renovação Pessoal. Ministra palestras em diversos congressos no Brasil tratando de temas como a elaboração de arranjos, guitarra elétrica e louvor e adoração. Como escritor colaborou com as revistas Louvor, Diálogo & Ação, o Embaixador. Colunista do jornal Tijuca em Foco, site Prazer da Palavra (Israel Belo de Azevedo) e Guitar Battle. Mantém o Blog www.letrasonora.com.br onde escreve periodicamente sobre música e adoração.

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