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Os critérios para uma música ser congregacional: uma análise de ‘Me Atraiu’ (Gabriela Rocha)

A música gospel “Me atraiu” da cantora Gabriela Rocha tem uma letra que fala sobre a atração que a glória e a presença de Deus exercem sobre o coração humano. A composição destaca a ideia de que, apesar das diversas opções que podemos ter, nada se compara à experiência de estar na presença de Deus.

A letra começa com a afirmação de que a pessoa poderia estar em qualquer outro lugar, mas a glória de Deus a atraiu. Isso demonstra a ideia de que a busca por Deus pode ser feita em qualquer ambiente, e que a presença de Deus é uma prioridade na vida.

O verso seguinte destaca a importância da presença de Deus na vida de quem o busca, mencionando que a tentativa de se esconder de Deus por medo de não viver, provavelmente se referindo aos prazeres momentâneos que o mundo oferece. Mas atração que a glória de Deus exerceu foi maior. A partir daí, a letra fala sobre a descoberta de que, assim como a sarça que pegou fogo e não se consumiu, o coração humano pode ser inflamado pelo amor divino sem ser consumido.

A música “Me atraiu” é um exemplo de como a música pode trazer reflexões profundas sobre a busca espiritual e a experiência da fé. A letra é poética e envolvente, capaz de tocar o coração de quem a ouve. Além disso, a interpretação de Gabriela Rocha e a melodia emocionante tornam a música ainda mais marcante.

Me atraiu é uma música congregacional?

A música é linda para nossos momentos devocionais pessoais. Mas a partir deste ponto gostaria de comentar sobre a questão congregacional sob os seguintes pontos:

  1. Cantabilidade: A melodia da música é relativamente fácil de cantar, com repetições de versos e um refrão simples que é fácil de memorizar. No entanto, alguns trechos da música exigem um pouco mais de técnica vocal, como a nota mais aguda na frase “Um dia com tua glória “, que pode ser um desafio para algumas pessoas. No geral, a música é relativamente acessível para a maioria dos grupos de louvor, mas pode exigir um pouco mais de treinamento em algumas partes.
  2. Teologia: A letra da música é fundamentada em princípios bíblicos, destacando a busca pela presença de Deus e a importância da glória divina na vida de quem o busca. A letra é coesa e coerente com a teologia cristã, sem contradições ou desvios doutrinários. A presença de Deus atrai o adorador que prefere o Senhor ao invés de se deleitar nos prazeres do mundo.

    Tu me farás conhecer a vereda da vida, a alegria plena da tua presença, eterno prazer à tua direita. Salmos 16:11
  3. Construção: As produções hoje em dia estão com alta qualidade. Mas vejamos alguns outros aspectos: A melodia da música tem poucos melismas, o que significa que cada sílaba da letra é cantada em uma única nota. Isso torna a música mais fácil de cantar e ajuda a manter o ritmo e a cadência da canção. Ritmo: Os motivos rítmicos são bem constantes no refrão com a resposta rítmica na ultima frase e isso é uma boa construção pois ajuda no aprendizado da música.

    A melodia é bonita e envolvente. Os instrumentos estão bem distribuídos criando camadas bem harmônicas e texturas diferentes no decorrer da música. O belo backing vocal ao entrar deixa a canção muito rica em texturas.

  4. Inteligibilidade: A letra da música é relativamente fácil de entender para quem já é cristão e tem conhecimento da história bíblica da chamada de Moisés. Tem um grau de licença poética, por isso, pode talvez não ser compreendida imediatamente por quem não é cristão. Neste ponto fica uma ressalva. Neste sentido me parece ser uma música mais para “dentro” da igreja do que para “fora”.

Outro ponto a levarmos em consideração são as grandes repetições de algumas sessões. Por que?

Há um perigo em criarmos um “ambiente” (muito falado nos dias de hoje) em que as repetições e o envolvimento musical somados com o aumento de texturas musicais e empolgação podem nos levar mais a uma experiência emocional, musical e sensorial do que de fato a adoração e contemplação de Deus. Veja bem, não cabe aqui ser juiz (como medir essa questão?), apenas aponto o perigo sensorial da música pela música. O momento pelo momento. Precisamos estar atentos sempre a isso.

Cabe lembrar que os frutos de adoração verdadeira não é medido pelo envolvimento em períodos de louvor e adoração mas em transformação de vida.

Segue abaixo o vídeo da análise:

Ouça essa linda canção de Gabriela Rocha abaixo.

Ramon Chrystian

Ramon Chrystian é ministro de música e adoração, formado em música sacra pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil (STBSB/RJ - FABAT), estudou guitarra elétrica na Faculdade Santa Cecília -SP, Conservatório Brasileiro de Música - RJ e Starling Academy of Music. Consagrado ao Ministério de Música na Igreja Batista Itacuruçá - Tijuca -RJ, atualmente é ministro de música na Terceira Igreja Batista de Cabo Frio/RJ. Autor do livro: Ministério de Música: Tensões na Liderança e a Renovação Pessoal. Ministra palestras em diversos congressos no Brasil tratando de temas como a elaboração de arranjos, guitarra elétrica e louvor e adoração. Como escritor colaborou com as revistas Louvor, Diálogo & Ação, o Embaixador. Colunista do jornal Tijuca em Foco, site Prazer da Palavra (Israel Belo de Azevedo) e Guitar Battle. Mantém o Blog www.letrasonora.com.br onde escreve periodicamente sobre música e adoração.

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