Conhecendo melhor a música

Ramon Chrystian A. Lima – artigo publicado pela revista O embaixador

A música é celeste, de natureza divina e de tal beleza que encanta a alma e a eleva acima da sua condição. (Aristóteles)


O mundo é rodeado por música. A vida urbana nos envolve musicalmente, seja nos shoppings, mercados, lojas, academias, no percurso de casa para a escola, trabalho, nos carros, ônibus, enfim, a música está por toda a parte. Mas o que seria música?

O dicionário Michaelis traz as seguintes definições para música:

sf (lat musica) 1 Arte e técnica de combinar sons de maneira agradável ao ouvido. 2 Composição musical. 3 Execução de qualquer peça musical. 4 Conjunto ou corporação de músicos. 5 Coleção de papéis ou livros em que estão escritas as composições musicais. 6 Qualquer conjunto de sons. 7 Som agradável; harmonia.8 Gorjeio. 9 Suavidade, ternura, doçura.

Música não é somente uma combinação de sons de maneira agradável. Existem vários tipos de música que para a maioria das pessoas não são nada agradáveis. A música serial, dodecafônica ou fractal são exemplos de música um tanto quanto incomum. Mas nem por isso ela deixa de ser música. Também a beleza está relacionada à cultura musical do indivíduo. Então a beleza musical é relativa.

A música vai muito além do prazer de ouvir, ela é uma arte e por isso, é uma fonte de expressão humana. Através da música podemos expressar opiniões, sentimentos e idéias. Então ela também é um veículo de comunicação.

A música também é gratificante, pois também faz com que os músicos tenham realização ao fazê-la. A música mobiliza as pessoas, os afetos, a mente para o pensar, com ela podemos criar, recriar e imaginar um mundo dentro dela. A música faz parte do ser humano. Não há civilização no mundo sem alguma forma de música.

Fazer música é lidar com as emoções. Seja alegria, tristeza, espanto, contentamento etc… é o chamado ethos musical. Esta palavra dá origem a palavra ética. Bem, na verdade, na Grécia antiga os gregos associavam as melodias cantadas pelo povo com os comportamentos deste povo. Ou seja, se o povo fosse mais astuto ou sério, isso também seria por conta de sua música. Pitágoras desenvolveu a relação dos modos gregos (melodias específicas) com o ethos, ou seja, a ética musical. Os gregos sabiam deste poder da música em influenciar comportamentos o que nos leva a refletir sobre o tipo de música que ouvimos. Ela nos faz bem? Edifica a alma?

Voltando ao assunto: Por que Pitágoras trabalhou com música? Esta pergunta nos leva a uma outra interessante constatação: porque a música está intimamente ligada à matemática. Tão ligada, que passou a fazer parte de um conjunto de disciplinas que o homem deveria estudar (compondo o chamado Quadrivium). O Quadrivium era composto pelas seguintes disciplinas: Aritmética, geometria, astronomia e música.

“De início, o som era usado para o ser humano se comunicar com o próximo, através da voz, depois de tambores, e, mais tarde, de instrumentos artificialmente construídos. Em seguida, o som começou a ganhar conteúdo e ser trabalhado de diversas formas, adquirindo funções do dia-a-dia. Foi usado para incentivar o trabalho, para despertar o espírito patriótico, para provocar o instinto da disputa e da luta (…) Apesar de o som não ser essencial para a sobrevivência humana, não se tem notícia de nenhuma raça ou povo que não cultive a música.” (MEDAGLIA, 2008 pg.9)

Por volta de 1400 a música foi elevada à categoria de “arte”. No período barroco a música ficou rebuscada, depois ganhou diversas estruturas, no século XX a música iria passar por um grande experimentalismo.

Também neste tempo, nasceu a chamada indústria cultural, pois descobriu-se que essa arte que envolve tanto o ser humano, também pode gerar grande lucro. Então, a partir de métodos de gravações, pôde-se vender música além dos espetáculos, ou seja, em mídias diversas. Isso gerou um ciclo desejado pelas produtoras e gravadoras: Consuma rápido e descarte para comprar mais.

A música passou a ser global, superficial e… será que ainda é arte? Será que os artistas da mídia cantam aquilo que querem expressar ou sua música é orientada para o lucro? É uma reflexão que devemos fazer. Que tipo de música “consumimos”?

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Ramon Chrystian
Ramon Chrystian é ministro de música e adoração, formado em música sacra pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil (STBSB/RJ - FABAT), estudou guitarra elétrica na Faculdade Santa Cecília -SP, Conservatório Brasileiro de Música - RJ e Starling Academy of Music. Consagrado ao Ministério de Música na Igreja Batista Itacuruçá - Tijuca -RJ, atualmente é ministro de música na Terceira Igreja Batista de Cabo Frio/RJ. Autor do livro: Ministério de Música: Tensões na Liderança e a Renovação Pessoal. Ministra palestras em diversos congressos no Brasil tratando de temas como a elaboração de arranjos, guitarra elétrica e louvor e adoração. Como escritor colaborou com as revistas Louvor, Diálogo & Ação, o Embaixador. Colunista do jornal Tijuca em Foco, site Prazer da Palavra (Israel Belo de Azevedo) e Guitar Battle. Mantém o Blog www.letrasonora.com.br onde escreve periodicamente sobre música e adoração.

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